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Há 28 anos, Def Leppard mudava a história do rock mundial

Pedro Gianelli
Agosto 2015

 

Quando o Def Leppard começou a compor o sucessor de seu multiplatinado álbum ‘Pyromania’, o grupo não fazia ideia da tarefa monumental que estava à sua frente. O disco acabaria atravessando a quatro longos anos de mudanças, recomposições, regravações e traumas pessoais – tudo isso para resultar no disco definitivo da carreira da banda.

Os músicos haviam passado por uma dramática reviravolta em suas vidas com o inesperado sucesso de Pyromania, passando de essencialmente morarem em casa para vender seis milhões de discos com pouco tempo para se acostumarem. O sucesso financeiro resultante daquilo levou o grupo a ter que sair da Inglaterra para escapar dos impostos escorchantes praticados naquele país, e assim, logo após a turnê de Pyromania, o Def Leppard mudou-se para Dublin, Irlanda, para viver como exilado fiscal enquanto compunha o próximo disco, que eles visavam chamar de ‘Animal Instinct’.

 

Morando todos juntos na mesma casa, incertos de por onde começar, os músicos fizeram pouco progresso no começo, conduzindo sessões de composição bastante arrastadas quando não estavam caindo na farra – até demais. Quando eles finalmente tinham canções suficientes para gravar, um pesado golpe: o produtor Mutt Lange, que havia comandado a produção de Pyromania, saiu do projeto, afirmando exaustão após passar anos gravando discos um após o outro.

 

“Pyromania já fora quase perfeito, então eles tinham que fazer algo melhor ainda”, disse o jornalista David Fricke a um episódio da série de DVDs ‘Classic Albums’. Mas Steinman discordava veementemente daquilo, e as sessões ficaram tão inviáveis que o Def Leppard acabou pagando-o para sair, criando um enorme rombo no orçamento do disco antes que uma única nota de material aproveitável fosse gravada.

 

A banda tomou outra cacetada no réveillon de 1984, quando o baterista Rick Allen capotara seu carro, sofrendo ferimentos horríveis. Sobrevivendo por sorte, o baterista perdeu seu braço esquerdo no acidente, e, redundante dizer, as gravações foram paradas de imediato. O grupo decidiu apoiar ao baterista, perdendo um ano inteiro enquanto Allen construía um kit customizado que o permitia acionar batidas eletrônicas diferentes com seus pés e ele aprendia a tocar do zero tudo de novo.

 

O álbum finalmente pegou força quando Lange voltou como produtor, mas a banda ainda tinha um longo e árduo processo de gravação pela frente, já que Mutt era um notório perfeccionista e iria construir o disco a partir de trechos e pedaços de múltiplos takes. Ele e a banda concordaram que o novo trabalho precisava ser uma amálgama das raízes do grupo no hard rock com um novo elemento de melodia pop que enfatizasse técnicas de gravação sofisticadas para a época, como MIDI e sampling, assim como várias camadas de overdubbing. “A ideia era que o disco não sairia até que ele fosse um perfeito e completo clássico”, disse o vocalista Joe Elliott ao canal VH1.

 

Gravar de modo tão devagar e dispendioso resultou em um disco que era um grande passo adiante para a banda, mas também custara tanto para ser completado que o Def Leppard precisaria vender acachapantes 5 milhões de cópias apenas para recuperar os custos. O produto final era revolucionário para sua época, com faixas agora já atemporais como ‘Animal’, ‘Pour Some Sugar On Me’, ‘Love Bites’ e ‘Armageddon It’. Mas tudo a um custo muito alto para a banda, tanto pessoal como financeiramente. Eles decidiram chamar o compêndio de ‘Hysteria’, por sugestão de Allen. Era um reflexo da loucura em suas vidas.

“O lado bom era que o disco era ótimo”, disse Allen. “O lado ruim foi que a vida de todo mundo estava indo para a m****.”

 

Finalmente lançado em 3 de agosto de 1987, ‘Hysteria’ foi um sucesso imediato na Inglaterra, mas recebeu uma reação mais fria nos EUA, onde o Def Leppard lançou ‘Women’ como o primeiro single, ao invés de ‘Animal’, como no resto do mundo. Um ano passaria antes que o quarto single do disco, ‘Pour Some Sugar On Me’, finalmente sedimentou a ‘Hysteria’ no topo das paradas dos EUA. O álbum dominou as paradas do mundo por boa parte dos três anos seguintes, vendendo mais de 20 milhões de cópias no total, e catapultando o Def Leppard de revelação para um dos grupos de rock mais bem-sucedidos de sua geração.

 

A banda nunca superaria aquilo, já que o guitarrista Steve Clark morreria em 1991 por uma combinação de álcool e remédios. O Def Leppard continuou com grande sucesso, mas Hysteria segue sendo não só o maior álbum de sua carreira, mas um dos discos que define o rock de sua geração.

 

O legado do disco é impressionante; Hysteria foi considerado pela revista estadunidense Rolling Stone como um dos 500 Maiores Discos de Todos Os Tempos, e é um dos discos que mais vendeu na história dos EUA. Os elementos inovadores de produção do álbum tornaram-se padrões da indústria, abrindo a porta para todo um novo gênero de pop rock e bandas que queriam seguir o sucesso do DL. Faixas de Hysteria continuam a ser ouvidas no rádio, em comerciais e nos filmes.

 

Fonte: Ultimate Classic Rock

 

#VamosMusicalizar

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