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Ex-guitarrista do Kiss começa hoje turnê pelo Brasil

Pedro Gianelli
Março 2016

 

 

Bruce Kulick é uma das lendas da guitarra, e um dos melhores (senão o melhor) guitarristas que já passaram pela icônica banda de maquiados americanos, KISS. Ele vem para o Brasil para uma turnê com a banda Parasite Kiss Cover, que começa hoje em Porto Alegre.

 

Mas antes de começar a turnê, Bruce falou com exclusividade ao #VamosMusicalizar, confira:

 

Pedro Gianelli: Antes de você se tornar um membro do Kiss, você e seu irmão, Bob Kulick, tocaram no Meat Loaf, e lançaram o incrível álbum ‘Bat Out of Hell’. Quais são as memórias que você tem daquela época?

 

Bruce Kulick: Apenas para ser claro, Meat Loaf fez uma sessão pára a gravação do álbum com três guitarristas. Eles tiveram alguns problemas para conseguir algum contrato de gravação, mas conseguiram. E foi meu irmão [Bob] que conhecia algumas pessoas que sabiam que o Meat Loaf precisava de dois guitarristas. Ele sabia que era uma boa oportunidade para nós, mesmo sabendo que o Meat Loaf não se tornou famoso imediatamente, demoram um pouco para isso. Mas com esse álbum eles conseguiram algumas músicas na rádio, e começamos a fazer shows em grandes lugares nos EUA, Europa e Austrália. Agora é fácil, porque o Meat Loaf é uma banda famosa hoje, com muitas personalidades diferentes, mas na época era pesado, e era algo louco algumas vezes, mas eu sabia que era uma banda que conseguiria isso em breve. Recentemente, eu achei um vídeo do Saturday Night Live, onde nós tocamos nesse programa de TV, e postei no meu Facebook, e tive uma grande reação, porque a maioria dos meus fãs não sabiam que eu já havia tocado no Meat Loaf por quase 1 ano.

 

P.G.: E como é olhar para trás e ver que você tocou com Paul Stanley e Gene Simmons [no KISS] por tantos anos?

 

B.K.: É claro que a oportunidade de ser um Kiss foi incrível para minha carreira. Voltando em 1984, foi algo incrível, porque o Kiss era a maior banda da época. Eu realmente não consigo agradecer por tudo que compartilhei com eles por mais de 10 anos. É claro que a banda continuou com a minha saída, mesmo eu tendo sido parte da história do Kiss, ser uma lenda do Kiss, eles continuaram. Então foi algo realmente bom para mim, onde eu consegui tantos fãs da minha época, que é algo que significa muito para mim.

 

P.G.: Uma história muito importante na história do Kiss é a morte de Eric Carr [ex-baterista], como foi o exato momento em que você recebeu esta notícia?

 

B.K.: Eu me lembro que eu estava comemorando o Dia de Ações de Graças, que é um grande feriado aqui nos EUA, eu sabia que ele estava no hospital tendo problemas com o câncer e outras complicações do câncer, e mesmo sabendo que não era uma ligação que eu queria receber, eu não estava totalmente chocado, porque eu sabia que isso estava realmente complicando a vida de Eric e ele estava realmente muito doente. Estávamos gravando o Revenge [1991], e eu me senti aliviado de podermos voltar às gravações, porque eu não queria ficar triste mais, queria continuar o que o Eric começou, e tive tantas lembranças boas dele e acho que os fãs nunca esquecerão ele e nem podem. Ele teve um tremendo impacto no Kiss, com tantos anos, com tantos álbuns especiais, turnês incríveis e eu sou realmente muito grato de ter conhecido e trabalhado com ele.

 

P.G.: Você tocará no Brasil com a Parasite Kiss Cover, como é a escolha de qual banda te acompanhará na turnê?

 

B.K.: Quando eu fui perguntado pela primeira vez para tocar no Brasil, eu não sabia se faria clínicas, ou tocaria com um fundo musical, ou se iria tocar com uma banda. E vi essa excelente banda tributo, a Parasite, acho que eles são de Porto Alegre, e quando me falaram que eles poderiam ser a minha banda, que eram bem conhecidos, eu fiquei muito feliz com isso. E então fiquei em contato com Felipe, um membro da Parasite, então conversamos sobre quais músicas eles sabiam, e aparentemente eles sabem muitas músicas da minha época no Kiss, o que é muito bom. Então não foi muito difícil para criarmos um laço e tocar no Brasil. Então estou muito ansioso para nos vermos e tocarmos em breve.

 

P.G.: E o que os fãs podem esperam desta turnê no Brasil?

 

B.K.: Bom, eu não vou aí sempre, então espero que todos estejam excitados como estou. Eu vou tocar um set bem extenso com eles, e também espero conhecer o máximo de fãs que eu puder. Para mim, os fãs brasileiros têm um lugar especial no meu coração, porque eles são tão incríveis e apaixonados pelo Kiss. E é muito marcante para mim, porque existem muitos fãs que nasceram quando eu já não estava mais no Kiss, e o fato de eles estarem tão animados em me conhecer realmente me deixa muito bem. E é bem legal que aquele show que fiz com o Kiss em 1994, em São Paulo, no Monsters of Rock, teve um grande impacto na minha versão da banda, e é importante que, agora, com notebooks, smartphones e tudo mais, as pessoas possam ver as diferenças entre os shows do Kiss e aproveitar isso, e muitas pessoas vêem isso e têm a minha época como a favorita, o que me deixa muito feliz e animado para tocar no Brasil.

 

P.G.: O seu último álbum foi ‘BK3’, em 2010, quando vamos ver um novo álbum solo?

 

B.K.: Bom, no ano passado eu lancei o BK3 em vinil, porque o vinil agora ficou muito popular também. Mas eu quem sou o culpado, ou não, de lançar um novo álbum, mas eu tenho feito novas músicas, porque eu amo criar e amo compartilhar minha música com meus fãs. Mas é porque tenho ficado muito ocupado com os shows com o Grand Funk Railroad e da minha carreira solo, mas agora já é tempo de eu começar a olhar com outros olhos e lançar novas músicas.

 

P.G.: Você tem grandes músicas da sua carreira solo, mas nos shows, grande parte dos fãs querem apenas ouvir as músicas do Kiss. Como é isso para você?

 

B.K.: Essa é realmente uma boa pergunta, mas da mesma forma que eu gosto de dizer ‘hey, agora algo do Transformer, ou algo do BK3’, eu sei que a maioria dos fãs vão conhecer todas as músicas do Kiss que eu tocar, mas sabem algumas do meu disco solo. Quando eu era jovem, fui ver o Frank Zappa tocar e dirigi por duas horas com um amigo meu para um colégio em Long Island, você sabe, Frank é um artista incrível, de músicas pop loucas até música experimental, mas eu não saberia reconhecer duas músicas dele (risos), talvez algo dos dois primeiros álbuns, mas ele é um gênio da música. E mesmo com o Kiss, quando estamos fazendo shows, tentamos algo como ‘King of the Mountain’, ou ‘Hell or High Water’, e a reação é totalmente diferente, porque alguns não têm esses discos ainda, o que é diferente de tocar ‘Detroit Rock City’, ou ‘Strutter’, ou algo do tipo. A reação não é a mesma, Gene e Paul são corajosos de dizer ‘eu não quero tocar isso mais’ (risos). Pra mim está tudo bem, eu sempre quero tocar algo dos meus discos solos, porque agora é tão fácil de ouvir online. Não é porque não tenho oportunidades para isso, e eu também levo alguns CDs para as turnês, para que os fãs tenham a oportunidade de conhecê-los.

 

P.G.: Tommy Thayer, o atual guitarrista do Kiss, sempre é comparado com Ace Frehley, primeiro guitarrista da banda. Você chegou a receber esse tipo de comparação quando você entrou para o Kiss? E por que isso ainda existe?

 

B.K.: É completamente diferente, eles tinham Vinnie Vincent, que era uma personalidade totalmente diferente, e ele nunca tentou imitar alguém ou coisa do tipo, mas eu acho que ele não interpretou bem as músicas antigas, mesmo sabendo que ele é um grande guitarrista, ele nunca ligou para o que o Ace tocava, e eu fiquei muito surpreso com o jeito que ele tocava o material antigo. Mark St. John foi o próximo guitarrista, e gravou ‘Animalize’, e era algo completamente diferente de antes. Quando Gene e Paul me convidaram para tocar na banda, eles não tentaram me restringir, eles não falaram para eu imitar Ace ou coisa assim, eu tenho muito respeito com o que chamo de “signature guitar riffs”, que fazem a vibe da música. Mas no momento em que eles decidiram ‘vamos colocar Tommy com a mesma maquiagem, ele é o novo Spaceman’, Tommy teria que tocar o mais próximo possível do estilo de Ace e Tommy faz isso incrivelmente bem, ele sabe todas as músicas. Eu nunca tive que vestir uma fantasia, nunca fui o Spaceman, sempre fui eu mesmo, e acho que tocava as músicas antigas respeitando o que Ace fez, mas ao mesmo tempo, interpretando do jeito que eu estava ouvindo-as. É claro que todos falam que Tommy é muito do jeito de Ace, é claro! Essa é a ideia! Mas eu nunca fui pedido para fazer isso, e eu conheço muita gente que concorda com o jeito que eu toco as músicas antigas, não tenho vergonha disso. É tudo uma perspectiva diferente da banda.

 

P.G.: Sim! Por exemplo, acho ‘I was made for loving you’ uma música tão chata, mas a sua versão no Alive III é incrível!

 

B.K.: Obrigado! É o que também faço no Grand Funk. Ela tem uns teclados e coisas assim, eu não devo ignorar isso, não é o meu trabalho, mas eu tenho que fazer com que signifique algo para meus dedos. Eu não toco uma música exatamente do jeito que Eric Clapton faz, por exemplo, eu tenho um grande respeito por guitarristas que fazem algo diferente, e acredito que faço isso bem. Ace contribuiu muito para o Kiss, ele até veio me ver em um show do Grand Funk, o que foi legal, mas é sempre um desafio interpretar alguém.

 

P.G.: Você é uma parte essencial na história do Kiss. Por exemplo, você esteve na minha formação favorita do Kiss, lançou meu álbum preferido de todos os tempos, Revenge. Como é ter esse reconhecimento por parte dos fãs?

 

B.K.: Bom, Revenge provavelmente foi um dos grandes momentos dos álbuns Kiss para mim, quando Revenge ficou pronto eu disse ‘uau!’, aquele disco ainda é muito marcante, eu agradeço por isso todos os dias. Tem incríveis músicas, o material é muito poderoso. Não há dúvidas de que, mesmo para os fãs do Kiss, ele está entre o top 3 ou 4 de todos os álbuns do Kiss. Tenho muito orgulho em ter tocado guitarra nele e ter contribuído com meu talento para ele.

 

P.G.: Abrimos para os fãs mandarem algumas perguntas para você, vamos à primeira: A última vez que você quase tocou com Gene e Paul foi no Rock and Roll Hall of Fame. Você recebeu algum convite deles antes do RNRHOF para tocar na cerimônia?

 

B.K.: Não, na verdade, tudo foi muito bagunçado no RNRHOF, e eu não respeito eles por isso. Eles não queriam todos que passaram pelo Kiss, poderíamos ter feito algo com Paul, Gene, Ace, Peter, Tommy, Eric, eu, mas eles não se comprometeram com isso. E é por isso que ninguém tocou como Kiss, ou eram todos ou ninguém, foi totalmente culpa deles. Não foi me pedido nada, porque não estava envolvido nas decisões para isso, era apenas Paul e Gene, e essa era minha condição, que todos tocassem, porque todos são Kiss, mas o RNRHOF não quis saber disso. É muito triste, mas mesmo assim, me sinto muito feliz pela banda ter sido induzida lá, mesmo eu não tendo um prêmio, eu me sinto como se tivesse.

 

P.G.: Recentemente, Ace Frehley lançou seu novo álbum, com participação de Paul Stanley. O que você acha disso?

 

B.K.: Eu acho incrível que Paul cantou uma música do Free, ele é um grande fã do Paul Rodgers, e eu acho realmente muito legal que ele tenha feito algo com Ace, eu sei que muita gente talvez tenha ficado surpresa, mas sei que isso é ótimo. Quando encontrei com Ace, ele estava muito animado em me contar isso, e isso é ótimo. Eu não ouvi ainda a música que Paul cantou, mas estou ansioso para ouvir.

 

P.G.: Quem inspirou você a tocar guitarra e qual foi a primeira música que você tocou?

 

B.K.: Eu tenho que admitir isso, Beatles foi minha primeira influência, e eu era um daqueles que estava tão animado quando eles vieram tocar nos EUA pela primeira vez, e isso mudou o meu mundo, e toda a invasão britânica também fez isso, todas aquelas bandas. E também, Jimi Hendrix foi meu grande herói da guitarra, e até hoje é. Eric Clapton foi muito importante para mim, Jimmy Page, do Led Zeppelin, também. E não posso esquecer de Jeff Beck. Bandas como o The Who foram muito importantes para mim, mas Pete Townshend não era um guitarrista como esses outros que disse. Mas Jimi Hendrix... tudo que ele tocava eu consigo sentir isso nos meus ossos e nos meus solos, então ele é minha grande influência.

 

P.G.: Você se juntou ao Kiss em 1984, como era o seu relacionamento com Ace [Frehley] e Peter [Criss] naquela época?

 

B.K.: Na verdade, eu não conhecia tanto eles naquela época, Peter saiu 4 anos antes de eu entrar, Ace não estava por lá mais. Então eu não tive tanto contato com eles e eu não me lembro de ter encontrado com eles antes do MTV Unplugged (1996), eu sabia muito sobre eles, claro, mas eu não tinha nenhum relacionamento com eles naquela época. Mas hoje eu encontro muito com Peter em exposições do Kiss, ele me abraça, cumprimenta, fica muito feliz em me ver, e o mesmo com Ace, nós respeitamos muito um ao outro.

 

P.G.: E a última pergunta que nos mandaram, apesar de eu achar que sei a resposta (risos), vamos lá: você voltaria a tocar com o Kiss, mas dessa vez com sua própria maquiagem?

 

B.K.: (risos) Eu realmente acho que não faríamos isso mais, maquiagens mudam, ok, e eu realmente acho que ninguém gostaria de me ver como Spaceman, Tommy faz isso muito bem, e eu não vejo eles tirando a maquiagem mais para tocar em turnês. Eu quero que todos saibam que sou um grande amigo de todos os rapazes, e todos respeitam uns aos outros, eu admito que sinto falta de tocar com o Kiss, mas não acharia legal continuar uma versão maquiada da banda, sabe? Eu tenho muito orgulho da minha época, e sou feliz pelo jeito que ela é reconhecida por todos esses anos, e isso significa muito para mim. Eu realmente não espero entrar na banda e vestir uma fantasia do Dogman e me maquiar (risos).

 

Bruce Kulick ainda enviou um recado para todos os fãs brasileiros, que pode ser visto AQUI!

 

#VamosMusicalizar

 

 


 

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